Dor elegante

Por Paulo Leminsk

Um homem com uma dor

É muito mais elegante

Caminha assim de lado

Com se chegando atrasado

Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor

Como se portasse medalhas

Uma coroa, um milhão de dólares

Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos

Não me toquem nesse dor

Ela é tudo o que me sobra

Sofrer vai ser a minha última obra

 

REFERÊNCIA:

LEMINSKI, Paulo. Dor elegante. In: LIMA, Manoel Ricardo de. Entre percurso e vanguarda: alguma poesia de P. Leminski. São Paulo: Annablume, Fortaleza: Secult, 2002. p.27-28.