Conhecendo um pouquinho sobre as Orações da Fé Bahá´í

ORAÇÕES E MEDITAÇÕES BAHÁ’ÍS

Bem-aventurado é o lugar, a casa e o coração, e bem-aventurada a cidade, a montanha, o refugio, a caverna e o vale, a terra e o mar, o prado e a ilha, onde se haja feito menção de Deus e celebrado Seu louvor.

Bahá ‘u ‘lláh

 [PREFÁCIO]

Perguntaste o que deverias fazer, de que maneira orar, a fim de ser informado dos mistérios de Deus. Deves orar com teu coração atraído e teu espírito extasiado pelas boas novas divinas. Assim as portas do reino dos mistérios abrir-se-ão diante de ti, e virás a compreender a realidade de todas as coisas…

Que é oração, atitude ou palavra? É tanto atitude como palavra; depende do estado da alma. Assemelha-se a uma canção: – ambas – música e palavras, fazem a canção. Algumas vezes é a melodia que nos comove; outras vezes, é a palavra…

A súplica é tão eficaz que nos inspira durante todo o dia com ideais elevados, e toma serenos e santos nossos corações. Devemos ser sensitivos à música da prece; o coração deve sentir seu efeito, e não ser como um órgão do qual possam surgir as mais suaves melodias sem que nele mesmo seja produzida a consciência da sensação…

‘Abdu ‘l-Bahá

INTRODUÇÃO

Algumas explicações sobre a Fé Bahá´í

Os Bahá´ís consideram a sua fé a renovação de toda religião profética. A revelação é progressiva. Cristo expressou este conceito ao dizer: “Ainda tenho muitas coisas que vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora, porém quando vier aquele Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade.” Cristo, como também os outros Instrutores divinos, prometeu a vinda de um Outro que guiaria mais uma vez Seus filhos…

O bahá´í vê todas as grandes religiões proféticas como partes de um plano divino para educar o homem a fim de que ele possa por sua vez levar avante “uma civilização que há de evoluir sempre.” Desde Abraão, cada Educador Divino tem trazido uma mensagem na qual se destaca algum princípio necessário, e cada vez se reiteram certos preceitos básicos por serem estes sempre verdadeiros, sempre vitais ao bem-estar do homem. Moisés trouxe uma mensagem de justiça, Buda ensinou a renúncia, Jesus o amor, Maomé a submissão. Hoje, o autor da Fé Bahá´í traz a mensagem da unidade. Mas através de todas essas mensagens se percebe a regra de ouro, segundo a qual todos os homens são irmãos, filhos de um só Deus.

É óbvia a razão por que o Criador tem enviado uma série de Mensageiros. Assim como a criança no jardim de infância está pronta para enfrentar a álgebra, também os homens no tempo de Jesus estavam longe de poder compreender o conceito de um só mundo. Naquele tempo, os meios de comunicação rápida não haviam ligado as nações. À medida que as condições mudam deve a religião adaptar-se. E quando a religião declina, tem que ser vitalizada. Somente Deus pode efetuar a transformação.

Essa transformação deverá ter início no coração dos homens do mundo inteiro. O ensino religioso só pode ter efeito se educam os corações. Nosso Criador funciona através dos homens; são eles Seus instrumentos para criar novos padrões de ação, devendo, pois, evoluir. Urge haver homens de coração maduro, bem como de mente madura. O bahá´í acredita ser possível transformar-se a natureza humana, podendo-se enobrecê-la quando o homem se sujeita espontânea e conscientemente à Vontade Divina.

Disforme era a humanidade à qual Bahá’u’lláh [fundador da Fé Bahá´í] se dirigiu, aleijada de mente e espírito, e Ele proveu a cura. Na receita que ofereceu, a vida pessoal deve imbuir-se de um grande fluxo de amor e compreensão. Quando não podemos amar um indivíduo por suas características pessoais, devemos apreciá-lo por amor a Deus. Todo homem é filho do Criador. Deve ser nosso objetivo ver a face de Deus – falando figuradamente – em toda criatura humana…

Estes ensinamentos podem ser melhor compreendidos à luz de uma breve história da Fé Bahá´í. Não deve causar admiração o fato de não se haver anunciado em todo o mundo o nascimento da Fé. Jesus não figurou em cabeçalhos no Seu tempo. H. G Wells observou com acerto que os primórdios do renascimento religioso “nunca são conspícuos”. No dia 23 de maio 1844, um jovem persa de vinte e cinco anos de idade, que viria a ser conhecido como Báb, anunciou Sua missão: a de preparar o caminho para “Aquele que Deus tornaria manifesto”, e de introduzir certas reformas vitais. À medida que o número de Seus adeptos crescia, o clero muçulmano se alarmava. Após apenas seis anos de ensino, Ele foi martirizado publicamente por ordem desse clero. Já cumprira, porém, Sua missão. Assim como João Batista preparou os corações e as mentes para o advento de Jesus, também o Báb abriu o caminho para a vinda de Bahá’ú’lláh (Glória a Deus).

Nascido numa família da alta nobreza da Pérsia, em 1817, Bahá’ú’lláh deveria ter seguido os passos de Seu pai, que era Ministro de Estado do Xá, porém a isso renunciou. Ainda criança, mostrava sabedoria e bondade extraordinárias. Mais tarde, abraçou os ensinamentos do Báb sem receio das consequências, seguindo-se resultados dramáticos: a bastonada, o confisco de Suas propriedades, longos anos de encarceramento e exílio.

No ano de 1863, pouco antes de Seu degredo de Bagdá à cidade de Constantinopla, Bahá’u’lláh disse aos adeptos que era Aquele Cuja vinda não só o Báb, mas todos os profetas haviam predito. Esta estupenda verdade se insuflara Nele num tempo de grande sofrimento físico. Seus adeptos receberam esta declaração com júbilo intenso. Muitas notabilidades, inclusive o governador de Bagdá, vieram prestar homenagens ao Prisioneiro antes de Sua partida. Finalmente, para afastarem Bahá’u’lláh das multidões que se sentiam atraídas a Ele e à Sua Mensagem, encarceraram-No na terrível colônia penal de Akká, na Palestina. Por muito tempo, muros espessos excluíram-No da natureza que Ele tanto amava.

O Professor Browne, da Universidade de Cambridge, única pessoa do Ocidente a visitar Bahá’ú’lláh, conta-nos: “Desnecessário era perguntar em presença de quem eu me achava, enquanto me curvava ante Aquele que é objeto de uma devoção e um amor que os reis bem poderiam invejar e os imperadores suspirar em vão.” Proferiu-lhe Bahá’ulláh palavras de ânimo:

Só desejamos o bem do mundo e a felicidade das nações. Que todas as nações se unam na mesma fé e todos os homens se tornem irmãos; que se fortaleçam os laços de afeto e união entre os filhos dos homens, cesse a divergência de religião e se anulem as diferenças de raça. Que mal há nisso? E assim há de ser: essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas passarão e a Maior Paz virá… Não se vanglorie o homem de amar a pátria; antes, tenha ele a glória em amar sua espécie.” Bahá’ulláh

Não permitindo que exílio e encarceramento Lhe sustassem a pena, Bahá’u’lláh escreveu longas epístolas aos governantes do mundo ocidental, exortando-os ao caminho da paz. Foi autor de muitos livros que abrangem inúmeros assuntos. Segundo seu conceito, a religião é uma atitude para com Deus que se reflete em nossa vida de todo dia. Assim, Seus Escritos tratam da ética e moral, da fé Deus, das relações humanas, da prece e da meditação; interpretam os Ensinamentos religiosos anteriores e as profecias do futuro; discorrem sobre a economia política, a educação e as relações entre as raças… Embora seja estupenda a pretensão de Bahá’u’lláh – a de ser o Prometido de todos os tempos, o Espírito da Verdade predito por Jesus – Sua sublime Mensagem, segundo a expõem esses Escritos, sustenta a pretensão.

Com o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892, Seu filho mais velho, ‘Abdu’l-Bahá, tornou-Se o Intérprete autorizado da nova Fé. ‘Abdu’l-Bahá visitou a América em 1912, difundindo a Mensagem de Bahá’u’lláh de costa à costa numa “tournée histórica. Na Última Vontade e Testamento, ‘Abdu’l-Bahá nomeia Seu neto, Shoghi Effendi, como o Guardião da Fé Bahá’í. Shoghi Effendi faleceu em 1957.

Vinte mil martírios não lograram sustar a influência dos novos Ensinamentos que vieram então abranger o globo e são apreciados desde Egedesminde, na Groelândia, até Magalhães do Chile, a cidade mais próxima do Polo Sul. Bahá´is já se estabeleceram em mais de 150.000 centros em 300 países e territórios. Há representantes de virtualmente todas as raças, entre elas sudaneses na África, esquimós no Alaska e maoris na Nova Zelândia; as origens religiosas são muitas; traduziu-se a literatura para mais de 800 idiomas. Desde as ilhas de Fiji, no Pacífico, do Japão e da índia, até a Alemanha e Grã-Bretanha, onde quer que os Bahá´is se encontrem, corações e mentes associam-se em harmonia. Representantes da Comunidade Internacional Bahá´í ocupam atualmente lugares como delegados e observadores com status consultivo em diversos organismos das Nações Unidas, como a UNICEF, ECOSOC, UNEP e outros, convocados dentre selecionadas organizações não governamentais.

As atividades bahá´ís coordenam-se harmoniosamente dentro de um sistema administrativo que é tão simples quanto eficaz. Não havendo clero, é dever dos bahá’is ensinarem a Fé e trabalharem onde quer que haja necessidade. Há bahá´ís isolados, outros em grupos; servem em comitês, nas comunidades, em Assembleias Locais ou Nacionais, ou na Casa Universal de Justiça. Não existe ficção; tomam decisões após preces e consulta franca, com espírito de amor. Aqueles eleitos aos vários cargos têm as respectivas responsabilidades em virtude de mérito, a ninguém tendo de responder senão a Deus. Deste modo consegue-se unidade em meio à grande diversidade.

Nesta Fé os homens veem cumprirem-se as profecias, quase em nossos dias; acham a solução para seus problemas, respostas às suas preces; e paz de espírito e de coração. Os aspectos pessoais da Fé satisfazem o indivíduo; seus aspectos sociais haverão de curar a civilização.

Quem deseja conhecer a Fé Bahá´í deve lembrar-se de que esta Fé não somente é vibrante apelo pela paz mundial, mas também convoca a todos, poderosamente, para Deus. A Palavra de deus exorta o homem neste versículo de As Palavras Ocultas:

“Volve a tua face à Minha e renuncia a tudo salvo a Mim, pois Minha soberania perdura e Meu domínio não perece. Se buscares outro que não seja Eu, ainda que procures eternamente no universo tua busca será em vão.

REFERÊNCIA:

ORAÇÕES e Meditações Bahá’ís. Introdução. 9 ed. Campinas: Editora Bahá´í do Brasil, 2001 p. ix -xviii

  

 

ORAÇÃO  OBRIGATÓRIA MÉDIA 

A SER RECITADA DIARIAMENTE, PELA MANHÃ, AO MEIO DIA E AO ANOITECER.

Aquele que deseja rezar deverá lavar as mãos e, ao lavá-las, dizer:

Fortalece minha mão, ó Deus, para que possa segurar Teu Livro com tal firmeza que as hostes do mundo não tenham sobre ela poder algum. Guarda-a, pois, de tocar o que não lhe pertence. Tu és, em verdade, o Onipotente, o Mais Poderoso.

E enquanto lavar o rosto diga:

Volvi a face para Ti, ó meu Senhor! Ilumina-a com a luz do Teu semblante. Protege-a, então, para que ninguém se dirija, senão a Ti.

Em seguida, em pé, dirigindo-se ao Qiblih, diga:

Deus atesta que não há outro Deus salvo Ele. Seus são os reinos da Revelação e da criação. Ele, em verdade, tornou manifesto Aquele que é a Alvorada da Revelação, Aquele que conversou no Sinai, através de Quem reluziu o Horizonte Supremo, e falou a Árvore Celestial além da qual não há passagem, e por cujo intermédio foi dirigido a todos os que estão no céu e na terra este chamado:

“Eis que veio Quem tudo possui! A terra o céu, a glória e o domínio, são de Deus, Senhor de todos os homens e possuidor do Trono nas alturas e da região terrestre!”.

Que então se curve, com as mãos repousando nos joelhos, e diga:

Glorificado és Tu acima do meu louvor e do louvor de qualquer um além de mim, acima de minha descrição e da descrição de todos os que estão no céu e na terra!

Em seguida, em pé, com as mãos abertas, estando as palmas das mãos viradas para o rosto, diga:

Não frustres as esperanças, ó meu Deus, de quem, com dedos suplicantes, segurou-se à fímbria de Tua graça e clemência, ó Tu que és, entre todos aqueles que usam de misericórdia, o Mais Misericordioso!

Que então se sente e diga:

Atesto a Tua unidade e Tua unicidade, que Tu és Deus e não há outro Deus além de Ti. Em verdade, revelaste Tua Causa, cumpriste Teu Convênio, e abriste de par em par da Tua graça para todos os que habitam os céus e a terra.

Bênção e paz, saudação e glória, estejam sobre Teus amados, aos quais vicissitude ou eventualidade do mundo impediu de se dirigirem a Ti, e que deram tudo na esperança de obter o que está Contigo. És, em verdade, O que sempre perdoa, o Generosíssimo.

(Se alguém quiser recitar, em vez do versículo longo, estas palavras: “Deus atesta que não há outro Deus salvo Ele, o Amparo no Perigo, o Absoluto”, isso será suficiente. E também seria bastante se a pessoa, enquanto sentada, quisesse recitar estas palavras: “Dou testemunho de Tua unidade e Tua unicidade, que tu és deus e não há outro Deus além de Ti.”)

REFERÊNCIA:

ORAÇÕES e Meditações Bahá’ís. Oração obrigatória média. 9 ed. Campinas: Editora Bahá´í do Brasil, 2001 p. 199-201.

  

 

AS PALAVRAS OCULTAS

por Bahá ‘u ‘llláh

[EXTRATOS]

Meu primeiro conselho é este: possui um coração puro bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna. (p.2)

A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a Justiça; não te desvie dela, se é que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondere isso em teu coração: como te incube ser. Em verdade, a Justiça é Minha dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, ante os teus olhos. (p.3)

Se Me amas, não te prendas a ti mesmo; e se buscas Meu prazer, não consideres o teu próprio; para que tu morras em Mim e Eu possa viver eternamente em ti. (p.8)

Teu ouvido é Meu ouvido; que ouças com ele. Tua vista a Minha vista; com ela deves tu ver, para que, no imo de tua alma, possas testemunhar Minha santidade sublime e Eu, dentro de Mim mesmo, te possa atestar uma posição excelsa. (p.45)

Teu coração é meu lar; Santifica-o para Minha descida. Teu espírito é assédio de Minha revelação. Purifica-o para que nele Eu Me possa manifestar. (p.60)

Minha eternidade a Minha criação; para ti a criei. Faze-a a vestimenta de teu templo. Minha unidade é obra de Minhas mãos: elaborei-a para teu bem. Adorna-te com ela, a fim de que sejas, por toda a eternidade, a revelação de Meu ser imortal. (p.65)

Em verdade, Eu te digo: De todos os homens, o mais negligente é o que disputa futilmente e procura colocar-se acima do irmão. Dize: ó irmãos! Sejam atos, e não palavras, vosso adorno. (p.81)

Aprazível e o reino da existência, fosses tu atingi-lo; glorioso o domínio da eternidade, fosses tu passar além do mundo mortal; doce é o santo êxtase, se sorvesses do cálice místico oferecido pelas mãos do Jovem celestial. Pudesses tu alcançar esta condição, livrar-te-ias da destruição e da morte, da fadiga e do pecado. (p.156)

Tu és o sol dos céus de Minha santidade; não permitas que a corrupção do mundo eclipse teu esplendor. Rompe o véu da negligência, para que possa emergir, resplandecente, de trás das nuvens, e adornar todas as coisas com as vestes da vida. (p.159)

REFERÊNCIA:

BAHÁ ‘U ‘LLLÁH. As palavras ocultas. 6 ed. Campinas: Editora Bahá´í do Brasil, 2002.

  

 

ORAÇÕES OBRIGATÓRIAS BAHÁ´ÍS

[última parte da Oração Obrigatória do tipo longa]

 

Atesto, ó meu Deus, aquilo que deram testemunho os teus Eleitos, e reconheço o que reconheceram os habitantes do mais alto Paraíso e aqueles que rodeia o Teu Trono grandioso.

Os reinos da terra e do céu são teus o senhor dos mundos!

  

 

REFERÊNCIA:

BAHÁ ‘U ‘LLÁH. Orações obrigatórias Bahá´ís. 3 ed. Campinas: Editora Bahá´í do Brasil, 2000. p.32.

  

 

ORAÇÃO

por ‘Abdu ‘l-Bahá

“Ó Deus, refresca e alegra meu espírito. Purifica meu coração. Ilumina meus poderes. Em Tuas mãos confio todos os meus interesses.

És meu Guia e meu Refúgio. Não mais se apossarão de mim a tristeza e a ansiedade, e sim, o contentamento e a alegria. Ó Deus, jamais me entregarei à aflição, nem permitirei que os desgostos me atormentem ou as coisas desagradáveis da vida me inquietem.

Ó Deus , és mais meu Amigo do que eu o sou de mim mesmo. Dedico-me a ti, ó Senhor”.

REFERÊNCIA:

‘L-BAHÁ , ‘Abdu. Palavra de Deus – uma compilação de Orações e Epístolas das Escrituras Bahá’ís. Mogi-Mirin: [s.n.], 1891. p.22.