Currículo

“Quem está na frente não está adiantado.

Quem está atrás não está atrasado.

Quem foi por outro caminho não se equivocou.”

Citado por Dora Lúcia Valduga Medonça em 08/10/2018.        

Foi preciso anos após a minha aposentadoria das funções docentes de graduação, para que eu tivesse coragem para ser inteira e divulgar, num site com meu próprio nome, as produções que julgasse relevantes. Se não fosse uma exigência dos tempos modernos, com sua digitalização e informatização geral das atividades – inclusive do trabalho de psicoterapeuta (!) -, eu não o teria feito. Mas, a necessidade de continuar existindo profissionalmente também no mundo digital, o que primeiramente achei devassador, ao final me presenteou com inesperados novos aprendizados sobre plataformas, sites, servidores e mídias digitais… busca de imagens, imagens, imagens… E eu não poderia, antes, sequer ter imaginado o quanto foi prazeroso aprender os novos suportes para os velhos amores. Amo imagens desde que me entendi por gente; imagens sempre me absorveram quase que completamente. Só muito depois vim a aprender com Mestre Jung que são “polissêmicas”. Esse palavra complicadinha foi difícil aprender, mas não o que significava. Entendi desde cedo que vendo muito bem a uma coisa… a partir dela se pode ver e associar a muitas outras! Quando muito criança, em cima da carroça de meu pai, levando leite da Boa Esperança, onde nasci, para o laticínio da Safra (ES), por uma estrada que acompanhava a vertiginosa curva do rio Itapemirim, sob o olhar da grande Pedra inacreditavelmente imóvel em sua diminuta base fininha… aprendi a ver ao sol da manhã. Foi minha mãe que nos trouxe para Vila Velha, ali aprendi a ver o pôr do sol atrás do Convento centenário e majestoso, impávido e tranquilo sobre uma pedra gigante. Uma coisa leva a outra. A CEC que me levou para a UFES. A sorte aos 16 anos me levou a escolher entre Psicologia e Arte. Iriri me levou todos os sonhos. Iriri me trouxe os maiores tesouros: meus melhores amigos, o Cyrus e  a Teka, estes que foram e são, desde o dia 1, meus melhores mestres, leais e simples, afiados e gentis. Já fui mãe deles. Hoje são meus filhos. Eles me levaram ao Mestrado, e dele veio a profissão. Da Extensão veio o Portas. Do Cemuni VI veio Gaia. Dos Congressos vieram o Mundo (maior do que me cabia, e mais parecido nas pessoas que nas frutas). Do Doutorado veio a conquista de ser Professora Titular de Psicologia Analítica… uma honraria. Agradeci. Aposentei, sem pestanejar. Outra honra foi ceder o lugar. Desocupar. Arrematado estava. A docência para profissionais mata a saudade da fricção que um aluno causa, me obrigando a achar mais uma nova imagem para o mais novo powerpoint sobre o velho Arquétipo de Self… Saudade, mesmo, apenas do tom do céu no final das tardes de sextas e do cheiro da murta. XYZ. A temível sensação de “vazio” decorrente da aposentadoria acadêmica não aconteceu! Ao contrário… o tempo “livre para aproveitar” não veio. Meu jeito muito próprio de proveito da vida ficou apenas ainda mais escancarado. Sigo na entrega do meu tempo de vida, enquanto a Vida me permitir,  inteiramente dedicado ao meu amor seguro (aquele do qual nada se espera, para o qual tudo se entrega, ao qual tudo se confia): a partilha da existência humana. Não há, para mim, ocupação mais sincera, não há melhor profissão, mais adequada, mais solitária, mais encantadora, mais desafiante e provocativa que a de psicoterapeuta. Para mim esse ofício foi uma bússola de honestidade existencial. Atribui-se a Marc Chagall ter dito “minha prece é meu trabalho”. Eu não saberia dizer melhor. Uma entrega, uma escuta, um ser junto, um chorar e rir tão humano, tão “demasiadamente humano” quanto Nietzsche disse, mas… mais solar. Nada, nunca antes, me fez tão esperançosa na força humana quanto agora me sinto, e não por outro conhecer a não ser o da alma humana! Nós, os humanos, imperfeitos e sedentos de felicidade, nós que vergamos… nos erguemos e caminhamos… às vezes até sonhamos novamente. Novos sonhos.

Na sigilosa sala 701, para as conversas de alma e coração aberto, requer-se mente lúcida mas, sobretudo, cuidado… feridas abertas requerem silêncio e palavra numa medida muito precisa. Para meus antigos e novos pacientes veio, então, a ideia da partilha de textos proveitosos a qualquer tempo… sementes ao vento… Bons ventos os levem… “Textos são sementes”um site para disseminar sementes. Para juntar semeadores, amigos, para contatar os ainda estrangeiros, internautas ou não, para os alunos ouvirem, para parceiros de trabalho partilharem… veio a ideia sem-fronteiras de um PodCast: O Texto Certo na Hora Certa. A renovação e juventude de Sarah fizeram, assim, os textos-sementes se tornarem textos-pássaros… batendo asas… abertos a todos os ventos nas plataformas de áudio… A nossa esperança, no fundo, devo confessar, é que a base desses veículos (do site e do Podcast), ou seja, que o Projeto PSI ( repara que P de Problema, S de Solução  e  I de Ideia formam “PSI” este siglônimo conhecido do meio profissional e também por muitos fora dele, como associado a PSIcologia e coisas afins ) nos reeduque o olhar!  Nossa esperança é ver os Textos PSI, agora classificados e acessíveis, serem uma mediação de leitura: terapêutica, criativa, simbólica ou distrativa… pouco importa! Ler é ver de novo. Quando você, leitor, percebe o que o buscar, interpretar, partilhar, ler ou escrever textos pode lhe proporcionar, o mundo não é mais – imediatamente – o mesmo porque você se ampliou e como ele o mundo de todos nós que aqui estamos! Há textos demais para serem lidos no mundo… nem todos de palavras… mas todos capazes de nos fazer avançar e nos reinventarmos de forma ainda melhor! Mesmo no nosso acelerado mundo vale e importa ainda mais o diálogo. Que palavra poderia  melhor traduzir a mágica palavra leitura senão: diálogo! Nosso novo sonho é a veiculação de alguns textos que escrevi e dos extratos de outros autores, referenciados devidamente, que possam dialogar com você, leitor! Que possam esses textos iluminar algum passo… de alguém… em algum lugar… internet afora…

“Cuida da travessia, cuidando de cada passo” (HPB). Sou profundamente crente de que a cultura humana preservou com palavras, imagens, enredos e símbolos o que há de mais importante para partilhar e que isso possui uma imensa potencialidade curativa. Cada diferente tradição filosófica ou religiosa (no seu colorido Arco-íris) e cada obra de arte plástica ou literária, filme ou música trazem – a seu próprio modo-, uma possibilidade de comunicar o essencial. Sempre a mesma luz ilumina os diferentes caminhos para subir a mesma montanha de elevação do espírito humano. O leitor da imagem e do texto refaz a trajetória do autor à sua própria forma, aproveita o que precisa e dispensa o que lhe é desnecessário no momento. Meu currículo se confunde com a trajetória de minha vida… aproveitei só aquilo o quê pude sentir e compreender. Fui colecionando textos e interpretações das mais variadas dos mesmos textos. Observei em diferentes pessoas verdadeiros “saltos quânticos” – para usar uma palavra bem moderna – que lhes permitiram elevar a consciência, desde um sintoma, para uma iluminação de seu próprio interior a partir de uma citação ou de uma imagem! Vi e aprendi que quando nos vemos por dentro, pelo diálogo com um texto, isso amplia de tal forma o contexto de compreensão da dor que tínhamos, das dificuldades que atravessamos, das escolhas que fizemos… que, então, a palavra “destino” se torna mais clara. Sob a luz do autoconhecimento nosso destino é cumprir-se! Nosso destino não obedece de fato e realmente a nenhum outro critério imposto pela titulação, emprego, regulamentação profissional ou desejabilidade social. Somos, só e apenas, o que podemos ser a cada hora de nossa existência. Se cumprimos com alegria a necessária tarefa de produzir, abaixar nossa autocrítica e permitir que também nossas imperfeições de nossas produções sejam aceitas e integradas… terminamos por rir de nós mesmos, rir do que nosso ego julgou que seria riqueza, e passamos a nos sentir “extremamente alegres” apenas por termos nos mantido fiéis ao próprio caminho. Por isso a aquarela (e sua imprevisível aguada), o Ikebana (a poda e resistência das flores) e meu neto (Be) são os lugares onde mais aprendo, atualmente, sobre envelhecer imperfeitamente e feliz. São esses os passos futuros… Me curvo, então, grata por tantos e tantas pessoas lindas na minha vida… mas, me volto para o que virá… com a mesma reverência…

Entrego aqui minha custosa coragem (🤦🏼‍♀️) de escrever o currículo num site com o próprio nome, um parco nome, um singular nome, um “nome” profissional construído com muito trabalho dedicado, um nome “americano” de uma menina que nasceu na roça, um nome de pronúncia esquisita, um nome curto e breve como a vida me parece agora… depois de tanto.

Espero que esse currículo afetivo lhe confesse meu contentamento e gratidão por este exato momento em que você me lê. A magia desses nossos tempos permitiu que você e eu chegássemos aqui e agora.

Saiba que tudo foi feito para você.

   Com carinho, Kathy.

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“A paz e a felicidade estão em cada momento.

A paz é a cada passo”.

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Carl Gustav Jung

“Só aquilo que somos realmente

tem o poder de curar-nos”.