Jogo de damas: aprender em qualquer lugar

 por Alexandre Rangel

Num remoto vilarejo da Europa Oriental, num dos dias de Chanuká (festa das luzes dos judeus), um respeitado rabino entrou na casa de estudos, num momento em que não o esperavam e encontrou seus discípulos jogando o jogo de damas, quando deveriam estar estudando as leis sagradas, como era o de costume naqueles tempos.

Quando viram o mestre, ficaram confusos sem saber o que fazer. Pararam o jogo imediatamente.

Um dos discípulos, envergonhado, tentou desculpar-se:

 Nos perdoe, mestre! Apenas queríamos nos distrair um pouco!

O velho fez um gesto bondoso e perguntou:

Vocês conhecem a regra do jogo de damas?

Como ninguém respondeu, ele mesmo tratou de responder:

Vou lhes dizer quais são as regras. 

A primeira é que não podem fazer duas jogadas por vez. 

A segunda é que somente se pode mover para frente e não para trás. 

A terceira é que quando se chega lá, na última fila, você está livre para ir onde quiser. 

Vocês estão aprendendo lições muito importantes sobre nossa existência. Prossigam em seu jogo, por favor, prossigam…

REFERÊNCIA:

RANGEL, Alexandre. As mais belas parábolas de todos os tempos. 13. ed. Belo Horizonte: Leitura, 2002.

COMENTÁRIO de Kathy Marcondes:

O estilo rabínico de ensinar frequentemente tem o tom dessa história: nos surpreende mostrando outros aspectos além dos “Aparentes do aparente” que uma dada situação possui. Frequentemente nos embrenhamos em auto exigências dificílimas de cumprir e, no fundo e de verdade, só queríamos fazer o certo, progredir, ajudar a alguém ou evoluir. Intenções ótimas não? Porém o mundo judeu traz essa compreensão de um Deus que não precisa tanto destes cumprimentos de formalidades de boas intenções e sim, muito mais, de olhos abertos para perceber em tudo a presença das Leis do Mundo. As Leis do Mundo profano são como um caleidoscópio por onde se pode perceber as Leis de Deus. Não está fora do mundo. Deus é o mundo. Perceber isso depende do aprendizado de que qualquer caminho é um caminho de acesso… se mantivermos mente e coração abertos para esse entendimento. Até quando jogamos dama, ou seja, quando nos divertimos… quando lemos ou vemos uma série podemos aprender “lições sobre a nossa existência”, ou não. Depende mesmo é do “jogador” em nós estar “PRESENTE”!