AUTOBIOGRAFIA EM CINCO CAPÍTULOS
por Sogyal Rimpoche
1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido… sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar!
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio… é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.
5) Ando por outra rua.
REFERÊNCIA:
RINPOCHE, Sogyal. O livro tibetano do viver e do morrer. São Paulo: Summus /Talento /Palas Athena, 1999. p. 55.
COMENTÁRIO de Kathy Marcondes:
Hábitos são pequenas coisinhas tão difíceis, mas tãoooo difíceis, de mudar, nem parecem complicados…, mas são distração… Sendo distração aí está a complicação!
Hábitos podem ser considerados positivos quando fazem parte das ferramentas psicológicas das pessoas, ou seja, são bons os hábitos que servem para evitar o desperdício da energia humana em tarefas mentais enfadonhamente iguais e necessariamente iguais.
Mas…
Hábitos podem ser também muito nefastos!! Habituados a repetir coisas… baixamos nossa atenção psicológica ao “como”, ao “porque” e à reflexão profunda sobre a manutenção de um comportamento ou atitude habitual. Sem disciplina e reflexão podemos usar a ferramenta da habituação para repetir de forma pouco eficiente comportamentos que trazem dano. Às vezes até reconhecemos o dano…, mas a “força do hábito” nos faz cair no mesmo buraco. Suplantar estes nossos hábitos é evoluir psicologicamente e agir com Consciência e sob escolha refletida! Nada tão fácil… requer que nos tornemos perspicazes na discriminação de onde habituar… onde inovar… E manter-se sempre avaliando que caminho queremos para nós mesmos!